Para compreender o que vem a ser a Biblioterapia é importante que você esteja disposto a ler e se deixar tocar pela literatura, ou seja, pelos contos, poesias, romances e crônicas. Essas produções literárias prezam pela linguagem metafórica, aquela que é capaz de adentrar no nosso ser, romper as barreiras da razão e cuidar de nós a partir de um lugar muito íntimo e secreto.

“Como nos sonhos noturnos, as histórias costumam usar a linguagem simbólica, evitando, portanto, o ego e a persona, para chegar direto ao espírito e à alma que procuram ouvir as instruções ancestrais e universais ali embutidas. Em decorrência desse processo, as histórias podem ensinar, corrigir erros, aliviar o coração e a escuridão, proporcionar abrigo psíquico, auxiliar a transformação e curar ferimentos.” (Clarissa Pinkola Estés, ‘O Dom da História’, p. 37)

As histórias assim como os medicamentos cuidam de dentro para fora. Me valendo da própria linguagem metafórica para explicar o poder da metáfora eu gosto de dizer que: os livros são as cápsulas que contêm o medicamento – as histórias – e a metáfora é o princípio ativo!

Para mim, ler uma história é como tomar uma xícara de chá. Nem sempre tomamos chá apenas por prazer, às vezes é preciso uma boa dose de camomila para acalmar. Outros momentos, precisamos de algo para despertar, como o gengibre e a canela. E há ainda aqueles dias quando o que precisamos mesmo é de uma boa purgação, para colocar para fora aquilo que não nos serve mais, que incomoda e impede que vivamos uma vida leve. Nessas horas, nada melhor do que o sene (mas, com moderação!).

O pouco conhecimento que tenho das ervas medicinais me ajuda a compreender melhor o poder terapêutico das histórias. No fundo, esses sempre foram meios muito eficazes de cuidado com os seres humanos. Por isso, por mais que a ciência e a tecnologia estejam cada vez mais presentes, as ervas e as histórias nunca perderão o seu poder e o seu lugar entre nós! Que assim seja!