É impossível medir o poder de uma história pelo tamanho dela. Sua potência, definitivamente, não é proporcional a quantidade de páginas ou palavras que contém. Me peguei refletindo sobre isso, com este livrinho nas mãos: ‘O dom da história: uma fábula sobre o que é suficiente’, de Clarissa Pinkola Estés.

‘O dom da história’ é daqueles livros que você lê numa ‘sentada’. Apenas 29 páginas. E que traz histórias dentro de histórias. É nesse tecer de histórias que a autora explica o poder, ou o dom, que elas têm. Este é o meu livro preferido da Clarissa, que ficou conhecida pelo livro ‘Mulheres que correm com lobos’.

Clarissa P. Estés é psicóloga junguiana, mas antes disso é uma colecionadora de histórias. Aquelas que foram contadas pela suas famílias, hispano-mexicana de origem e húngara por adoção. Ela conta que no seio da sua família um conjunto de histórias é como um “grande grupo de medicamentos de cura”.

“Uma coleção de histórias é tão importante para uma vida longa e saudável, quanto uma alimentação razoável, trabalho e relacionamentos razoáveis” (p.10)

Neste livro você vai encontrar uma coleção de histórias dentro de histórias para “iluminar as florestas e campos mais escuros” (p.31). Escuridão que, por vezes, se abate sobre uma pessoa em particular ou uma sociedade inteira. Nesses momentos quando não sabemos exatamente o que falar ou o que fazer podemos acessar essa farmacopéia de histórias que está disponível a todos, como um legado dos próprios seres humanos para que nunca esqueçamos da nossa humanidade.

“Uma história contada num contexto de medo e guerra não elimina tudo que está a volta, mas proporciona força para ajudar na caminhada” (p. 29)