Quando uma biblioteca morre muita coisa passa pela nossa cabeça. Porque assim como um ente querido, uma biblioteca jamais deveria morrer. Mas, bibliotecas morrem … eu vi uma biblioteca morrer.
A Barca dos Livros, biblioteca comunitária de Florianópolis, resistiu durante quase 13 anos, mas em dezembro de 2019 está fechando as portas. Ganhou prêmios, formou leitores, abrigou amantes da literatura e conduziu passeios de barco carregados de histórias pelas águas da Lagoa da Conceição, principal cartão postal da cidade. No site da Barca dos Livros você confere um pouco mais dessa trajetória que serve de exemplo e não deve ser esquecida.
A Barca também fez parte da minha história em Florianópolis e da minha caminhada com a Biblioterapia. Participei de oficinas que contribuíram muito com a minha formação, peguei livros emprestados, fiz um ensaio fotográfico lindo entre suas estantes, promovi palestra e um Ciclo de Leitura e Relaxamento naquele espaço tão aconchegante rodeado de livros.

Registros do ensaio fotográfico na Barca do Livros, abril de 2018. Fotos de Maikele Pasini.
Mas, como a fruta que cai deixa suas sementes, os livros da Barca seguirão navegando e parando em outros portos-mãos para embalar leitores. O rico acervo da biblioteca, especializada em literatura infantil, será doado para outros espaços, entre eles um assentamento do Movimento dos Sem Terra em Santa Catarina.
Como diz Valter Hugo Mãe, “Os livros são parentes directos dos aviões, dos tapetes-voadores ou dos pássaros”. Assim sendo, sempre encontrarão novas paradas.
Os livros seguem com vida, mas uma biblioteca morreu. E quando uma biblioteca morre muita coisa passa pela nossa cabeça. Quando uma biblioteca morre é sinal de que estamos muito doentes.
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