Caro 2020, escrevo para você com sorriso no rosto e coração transbordando de gratidão pelo ano que passou e por tudo que está por vir. Difícil descrever, mas sempre há quem nos ajude a encontrar as palavras ou a dose certa para expressar e dar nome ao que sentimos.
Olho para frente e me encho de esperança, que não é a última que morre, mas sim “imortal nas mãos de um sonhador” (@akapoeta). Sigo sonhando, porque acredito que “quando se sonha tão grande a realidade aprende” (Valter Hugo Mãe).
Vejo que as sementinhas lançadas começam a brotar. Uma folhinha verde sobre a terra preta e a singela certeza de que algo grande e belo se anuncia. Sigo sonhando, mas mantenho os olhos bem abertos, pois sei que “a apreciação da beleza está intimamente ligada à nossa compreensão do quanto viver é difícil” (Martha Medeiros).
Querido 2020, pode vir do jeito que for. Sei que trará belezas e também desafios. Sei que “a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. Ser capaz de ficar alegre e mais alegre no meio da alegria, e ainda mais alegre no meio da tristeza…” (Guimarães Rosa).
E está tudo certo. Sou otimista por natureza e “daquelas que acreditam que a felicidade é possível, que não existe só desencontro e traição, mas ternura, amizade, compaixão, ética e delicadeza” (Lya Luft). Acredito em tudo isso e mais um pouco. Sou tipo Macabéa, que acreditava em anjos “e, porque acreditava, eles existiam” (Clarice Lispector).
Vou ficando por aqui. Desculpe se escrevi demais, mas é que os “delírios verbais me terapeutam” (Manoel de Barros). Poderia escrever muito mais. Mas sei que você trará o tempo necessário para eu ir me expressando palavra por palavra, dose a dose, ao longo da estrada que você anuncia. Por fim, peço apenas sabedoria para que eu possa caminhar passo a passo, sem pressa e com leveza.
“Ando cansada de bagagens pesadas. Daqui para frente apenas o que couber no bolso e no coração” (Cora Coralina)
Abraço e até a próxima dose!
Carla Sousa