O poder da literatura, a vida e a morte. Três palavras fortes numa única sentença. E é sobre elas que eu me proponho a escrever. A inspiração não veio por acaso. Minhas duas leituras iniciais de 2020 falavam exatamente desses temas. Coincidentemente, os dois livros foram escritos por duas Ninas: ‘O ano da leitura mágica’, de Nina Sankovitch, e ‘O livro dos sonhos’, de Nina George.
Ler ‘O ano da leitura mágica’ foi mágico. Um relato emocionante do poder da literatura para quem está prestes a partir e para quem fica.
A autora e a irmã sempre foram leitoras vorazes. Quando Anne-Marie, irmã de Nina, é acometida por um câncer e fica hospitalizada, busca nos livros um refúgio para suportar a doença. E quando Nina perde a irmã para o câncer, busca na literatura um espaço para suportar a vida sem a irmã.
“Quanto mais eu pensava em parar e voltar a ser só uma pessoa sã, mais eu pensava nos livros. Eu pensava em fugas. Não correr para fugir, e sim ler para fugir. Era assim que eu queria usar os livros: como uma fuga de volta à vida. Eu queria mergulhar nos livros e voltar à tona unida novamente” (N.S.)
E como Nina consegue isso? Lendo um livro por dia durante um ano. A cada livro lido ela aprendia com os autores e os personagens, ressignificava a vida e compreendia a morte. E junto com Nina eu também fui aprendendo.
Suas partilhas de leituras e suas reflexões me ajudaram a olhar para a morte com mais leveza. E a ter a certeza de que pessoas queridas sempre deixam algo quando partem. “O que fazemos uns para os outros é o que permanece” (N.S.). Por isso, sempre permanecerão vivas na nossa lembrança.
Em ‘O livro dos sonhos’ a morte é tratada do ponto de vista de quem experimenta a sensação de quase-morte, o entre, ou o coma vivenciado pelo personagem principal da obra da Nina George. Uma história entremeada por outras histórias e outras personagens que nos faz pensar como será o lado de lá. E onde entra a literatura nessa história? Em alguns momentos… Mas, não vou dar spoiler (rsrsrs) contando o que se passa na trama de Nina George. No entanto, compartilho com você um trecho que me marcou e que é um convite para pensar no poder da literatura em nossa vida:
“Essa é a magia da literatura. Lemos uma história e algo acontece. Não sabemos o quê, ou por quê, nem qual frase foi responsável por isso, mas, mesmo assim, o mudo muda e nunca mais é o mesmo”(N.G.)
Só por esse trecho já valeu a leitura de ‘O livro dos sonhos’!
No meu canal do Youtube você confere mais sobre os livros das Ninas. E nas minhas redes sociais (@dosesdebiblioterapia no Facebook e Instagram) tem mais Doses de Leitura como essa. Confere lá!
Creio que nem tudo acontece para se entender, mas para sentir. Esse é o poder da Literatura. Infelizmente, os meios acadêmicos exigem que tratemos a Literatura como um objeto de estudo que deve ser dominado. Não há espaços para vácuos. O conhecimento tem que ser explorado ao máximo. Devemos elaborar teorias etc.
Ao estudar Literatura, exigem que nós estudemos muito mais as teorias e interpretações que estudiosos fizeram. Pouco se fala sobre nossos sentimentos e opiniões. Sinto-me engessado, pois sempre temos que dizer coisas tipo: Segundo Fulano, Machado de Assis é…
E assim vai, nossos estudos.
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