“Está passando em sua rua o carro dos sonhos. É isso mesmo! Aqui você encontra sonhos fresquinhos por apenas R$ 1,99”. No meio da tarde de um domingo silencioso e ensolarado, fui surpreendida pelo CARRO DOS SONHOS passando na minha rua. Carro dos ovos acho que já é patrimônio nacional, mas carro dos sonhos nunca tinha visto.

Corri até o carro feito criança, movida mais pela curiosidade daquela aparição inusitada do que pelo desejo da guloseima. Pedi três sonhos de goiabada. Para minha tristeza, mas meu sonho preferido já tinha acabado. Nem sempre o sonho sai exatamente como sonhado. Me contentei com dois de creme e um de chocolate. Aproveitei para ‘entrevistar’ o vendedor de sonhos, afinal não é todo dia que aparece um desses na nossa porta.

Dava para ver que havia vendido muitos sonhos naquela tarde. Ele contou que das 14h às 17h já tinha vendido mais de 250 sonhos só no meu bairro. Disse que só vendia aos domingos.

– Todos os domingos? Perguntei, estranhando o fato de nunca ter visto o carro passar aqui em casa.

– Sim! Há dois anos, sempre aos domingos. Respondeu, acrescentando que normalmente os sonhos acabam antes de chegar na minha rua.

Eram muitas as pessoas desejosas por sonhos doces e fresquinhos, pensei. Mas, no fim, até dei sorte. Garanti meus três para adoçar a tarde.

Não sei se você já percebeu, sonho tem que comer fresquinho se não murcha. E eu não comi, eu devorei. Ando faminta por (sonhos) doces para aliviar o sabor dos dias. Por isso, pedi logo três. Nesse dia acho que engordei uns quilinhos, mas lembrei do Akapoeta que diz: “sonho a gente pode ter mais de um. Só não pode desistir”.

Texto autoral: Carla Sousa