Em março de 2020 comecei um projeto despretensioso. Sabendo do poder que a literatura tem de nos ajudar em momentos de crise pensei numa forma de administrar algumas doses para amigos, família e pessoas queridas com um recurso que fosse acessível a todos, especialmente para minha mãe e tias e outras pessoas que não têm muita intimidade com a tecnologia. Assim, comecei a gravar e enviar áudios de whatsapp com leituras de histórias e poemas. Pequenas doses, poucos minutos e muito afeto envolvido. E então, pensei: por que não disponibilizar essas doses para mais pessoas? Afinal o trabalho seria o mesmo e mais pessoas poderiam se beneficiar das minhas doses. Assim nasceu meu Canal de Podcast, onde eu leio e compartilho histórias e poemas.
Hoje quando olho os números nem acredito: em um ano mais de 7 mil reproduções dos mais de 50 áudios gravados nos últimos 12 meses. Cada história, cada poema, são pedrinhas lançadas na rede que seguem reverberando e ultrapassando em muito o meu círculo de amigos e família. E o que me deixa ainda mais surpresa e feliz: pessoas se inspiraram a fazer o mesmo e aos poucos fui testemunhando o nascimento de outros canais e projetos de partilhar de histórias, poemas e afeto através das ondas da tecnologia, rompendo barreiras e chegando aos ouvidos e corações de milhares de pessoas que eu jamais terei a capacidade de dimensionar.
Um ano depois sigo jogando as pedrinhas no grande lago da rede, bem menos do que no início, porque sei que outras pessoas também estão jogando as suas. E cada história, cada poema, cada voz que lê para o outro segue expandindo, alimentando e fortalecendo almas na travessia desses tempos difíceis. E enquanto eu tiver voz seguirei lançando minhas pedrinhas.
“Quando é verdadeira, quando nasce da necessidade de dizer, a voz humana não encontra quem a detenha” (Eduardo Galeano no conto Celebração da voz humana/2)
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